OS TRAVESTIS E TRANSEXUAIS SÃO UMA SOMA POSITIVA OU NEGATIVA PARA AS QUADRILHAS JUNINAS?

Manú Alves

       Olá pessoal, hoje estou aqui para falarmos da força do Movimento LGBT, mais especificamente dos “travestis” no meio Junino. Quer queiram quer não, são uma grande massa nas Quadrilhas Juninas. A força, a energia é surpreendente! Eles têm a resistência física dos homens e isso logicamente faz com que o ânimo, a alegria e ritmo durante as apresentações dos grupos aumentem consideravelmente.  Aqui na Paraíba Quadrilhas como : Fazenda Lampião, Sanfona Branca, Linda Flor do Sertão  ainda conseguem se manter vivas, resistindo assim a não permitir “homens dançando travestidos de mulheres”, aceitam sim sua homossexualidade, porém na dança, precisam ser cavalheiros.  Estados como  Ceará e Sergipe também ainda existe a relutância e também não permitem. Todavia, percebo que os Travestis estão sim, ganhando mais e mais espaço. O Estado de Sergipe por exemplo, resistiu até ano passado, onde grupos de pequeno porte já abriam espaço para eles. Em 2013 um dos Grupos de grande renome de lá, a Quadrilha Junina Pioneiros na Roça, também reconhece a positividade deles em seu elenco e esse ano quem vai abrilhantar seu espetáculo será o dançarino, cabeleireiro  e maquiador Manoel  Messias Alves Oliveira, mais conhecido como Manú Alves , baiano, crescido em Aracajú quadrilheiro desde 1988( de 88 à 95 dançou na Balança Mais Não Cai.  De 96 à 99 na Meu Sertão de 2000 à 2001 na Luar do Sertão, de 2002 a 2004 na Unidos em Asa Branca, de 2005 à 2010 Maracangaia, em 2011 a 2012 voltou pra Unidos  e em 2013 sai novamente desse grupo em busca da realização de um sonho, “dançar quadrilha junina como uma Dama”. Diante toda essa história de tradição e de amor que nosso Manú tem, eu pergunto: Será que realmente é errado, injusto a realização desse sonho? Dessa liberdade? OS TRAVESTIS E TRANSEXUAIS SÃO UMA SOMA POSITIVA OU NEGATIVA PARA AS QUADRILHAS? QUAL A MODIFICAÇÃO NAS QUADRILHAS JUNINAS APÓS A ACEITAÇAO DOS "HOMENS DANÇAREM VESTIDOS DE MULHERES"? OU SEJA, QUAL A POSITIVIDADE E NEGATIVIDADE DA ACEITAÇÃO DOS HOMOSSEXUAIS DANÇAREM DE DAMAS?

 Diante a grande demanda de discussão que esse assunto ainda tem, exponho aqui breves relatos de alguns artistas/quadrilheiros desse nosso Nordeste e eles responderam ao Coisas Juninas:

DOUGLAS GUTTYERRE (RELAÇÕES PÚBLICAS- JUNINA MOLEKA –ATUAL TRI-CAMPEÃ PARAIBANA) "Isso se torna posistivo, pois na dança estamos quebrando todos os paradigmas do preconceito , essa modificação se deu justamente pra isso para mostrarmos que tanto homens e mulheres e homossexuais etc... tem o direito de se divertirem e de ter sua vida normalmente, como todos outros, já bastam as restrições que passam em outros casos da vida, a parte negativa é que ainda existe o preconceito em alguns arraiais da vida, onde passamos, porem hoje na Moleka pode parecer mentira com a quantidade de homens que dançam de mulheres em outras Juninas, hoje na MOLEKA só existe 1 Pessoa que dança de mulher, e de passagem uma ótima dançarina! Se tivéssemos mais com esse gabarito que podemos citar da nossa ( Gabriella Medeiros ) Todas seriam bem vindas! Enfim, só tem a crescer e não a diminuir e envergonhar as juninas, sei que todas se orgulham de cada uma delas, pois só fazem mais abrilhantar nossa festa ".

 DEUSDEDITH( JUNINA LUMIAR-PE DESDE 2005) “O problema de todo ser humano é ROTULAR, o verdadeiro artista não tem sexo, pode compor qualquer personagem. Há muito que quadrilha deixou de ser simplesmente quadrilha e passou a ser um espetáculo junino. E como todo espetáculo existem os artistas... esses HOMENS VESTIDO DE MULHER como a pergunta em questão é onde nós vemos os verdadeiros artistas... conseguem ser cavalheiros ou damas”.

Coisas Juninas: Então você vê unicamente como POSITIVO NÉ?

DEUSDHETE: Com certeza!”

THED (MARACANGAIA-SE): “Para mim não tem positividade, pois essa questão está longe do preconceito, e sim perto da falta de tradição e falta de respeito com o ciclo junino. Imagine se as damas também quiserem dançar de cavalheiro? Que bagunça não vai ser? Acho que é falta de respeito com as mulheres, pois estão tomando os lugares das mulheres, e estão afastando os cavalheiros, ou seja ta virando uma parada gay literalmente a quadrilha. Acho que cada coisa tem que ta no seu lugar. Acho que homem tem que dançar como homem, e mulher como mulher, ñ é questão de preconceito é questão de tradição! O povo não percebe que isso está afastando as pessoas de quererem dançar? As quadrilha tão acabando... Aqui em Sergipe Maracangaia , Chapéu de Couro e Forró da Maranhão tem dificuldades de sair por serem tradicional, por não aceitarem essas coisas, esse carnaval, porque são fantasias  de carnaval. Tenho orgulho de ter ganhado o Concurso  Regional da Rede Globo dançando a tradição do Nordeste, dançando a tradição de Sergipe, sem carnaval... Mas depois disso os próprios sergipanos não deixaram mais a Maraca ir, pois os próprios acham ultrapassado a forma da Maraca dançar.”

BILÉ ARES –PE (cantor ator diretor e produtor cultural...representante ativo da cultura popular e canta no regional da Junina LUMIAR -PE.): “Pra mim nada mudou. Ate porque aqui em Pernambuco já é uma tradição antiga... Homens travestidos de mulher, deixando de lado a opção sexual é fato e  uma questão cultural universal antiga. É bom lembrar que nos folguedos populares como o carnaval isso é comum. No teatro na comedia Delart os espetáculos eram apresentados por homens travestidos de mulher. Assim como no teatro Kabuqui. Opera Teatro japonesa., Vários personagens hoje ditos televisivos são famosos por serem homens caricaturando mulheres.”

 REGINALDO NETO – (FOGUEIRINHA-PB) – “Aceitação total no meio em que convivemos. No meu ponto de vista. Da mesma forma que a mulher hoje se põem a ocupar o seu lugar em que é seu por direitos. Cada vez mais os "homens" vem se sentindo mais confortável pra se expressar da forma que preferirem, mais te toda forma só alguns consegue o exceto de acompanhar em grande estilo passos que só as mulheres tem o dom de fazer de tão delicados, e por isso são selecionadas pessoas que realmente tem suporte pra tal performance . (positividade)”. “Em relação ao oposto de tudo o que disse, vem em relação as pessoas que com o tempo, ficou retardando o crescimento das juninas no nosso mundo atual, falo em relação a tudo e a todos, que se jugam não gostar, ao ponto de criticar, e guando se passa pra ter a oportunidade de julgar ao próximo nem se quer relembra que todos nós, somos serem humanos e que tudo aqui é simples e passageiro, pra aqueles "enutios" só uma dica., estamos em pleno século + que 21 e no entanto cresçam es vez de só quererem aparecer! (negatividade)”. Hoje o número vêm crescendo a cada dia, com pessoas e suas preferencias e não estou aqui como forma de aparecer e sim em defesa da maioria, e eles estarão sempre em minha lista de prioridades!

A e quem me dera, se não estaria fechando, kkkkkkk mais nem isso, o máximo que consigo hoje é ser um nó sego. Aff srsrs kkkkkkkkkkkkkk

Só os fortes entendem!”

Desde já agradeço a atenção com tais citados. Belo trabalho você tem feito no meio viu Márcia abraços, atenciosamente Reginaldo Neto.

Winddy Martins

Por fim  externo minha opinião, diante tudo o que escutei , vejo que cada ponto de vista tem suas verdades e concordo com muita coisa aqui citada. Mas é preciso pensar melhor em alguns aspectos, por exemplo: existem aqueles onde em seu dia a dia vivem vestidos como mulheres, e existem aqueles que apenas durante as apresentações se travestem. E é esse o ponto onde acho que deveria ser melhor pensando por todos, pois nem sempre a roupagem faz acontecer, eu já presenciei uma cena de uma peruca ter caído e o dançarino perdeu toda a pose visivelmente constrangido diante o visual que ficou, realmente não foi legal nem pra ele e nem para o grupo dele.. Eu curto e aprovo sim, os transexuais  e também os que diariamente vivem travestidos de mulheres, vejo como uma soma POSITIVA eles dançarem e deixo aqui meus PARABÉNS a Winddy Martins que lindamente já escreveu seu nome na história do ciclo Junino paraibano ( Quadrilheiro a 12 anos e tem em seu currículo grupos como: Quadrilha Junina Olodum, Junina Paraíba “onde dançou com o marcador e foi também foi noiva” e hoje brilha na Junina Lageiro Seco). Aproveito e deixo aqui o meu desejo total sucesso e sorte ao amigo Manú Alves nessa nova estrada.

 Contudo, com todo respeito aos demais, PENSO QUE A DELICADEZA DAS MULHERES É INSUPERÁVEL! Que o RESPEITO esteja à frente dos que permitem, dos que concordam e descordam, afinal isso também é democracia, e democracia antes de qualquer querer, É RESPEITAR! Afinal uns irão vencer e outros não, não é mesmo? SALVE A ARTE, SALVE A TODOS ARTISTAS, ESPECIALMENTE OS ARTISTAS TRAVESTIS DO NOSSO BRASIL!

Meus sinceros agradecimentos a todos os CORAJOSOS que me permitiram publicar suas tão bem formadas colocações sobre o assunto. OBRIGADO!

Márcia Martins